Hoje em dia, a única coisa realmente gratuita no mundo é a motivação para nos separarmos em pequenas ou grandes minorias. Como não há crença na justiça divina ou humana, as pessoas perdem a maior parte do tempo em pequenos e grandes julgamentos, sobre tudo e sobre nada. Vivemos a idade dos adjetivos e está muito distante o tempo dos verbos.
O que provavelmente nos une mais como seres humanos é o sofrimento. Num mundo que esconde o sofrimento e exalta o dever da felicidade, a dor é escondida em hospitais, lares e principalmente no interior das casas. Mas o propósito da dor está cada vez mais no vitimismo e menos nas lições que nos pode dar. Sei bem que no meio do tormento do sofrimento humano, tantas vezes vez inexplicável de tão forte, é muitas vezes impossível fazermos um debate interior. É uma altura em que já não há morfina que resulte ou palavras que confortem. E neste momento em que não há linguagem humana que faça sentido, a voz do silêncio é a única que nos pode aliviar.
E é neste preciso instante em que mais nos unimos a todos os seres humanos do planeta, na inevitabilidade de um sofrimento que foi, é ou será comum a todos. E é neste preciso instante que deixam de haver barreiras sociais, económicas, ideológicas, religiosas, raciais, sexuais, nacionais ou continentais. E é neste preciso instante que somos um, todos num só.
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