A grande maioria das pessoas não quer aprender e debater e evoluir. Principalmente na altura das eleições, querem apenas ser claques de partidos e ideologias que romantizam: não conhecem a fundo a respetiva cartilha e nem sequer as propostas para as próximas eleições.Está cientificamente provado que a maioria conhece apenas meia-dúzia de ideias gerais dos partidos que suportam. E o resto até acha que o seu partido defende ideias completamente diferentes.
O que move então o clubismo partidário?– A visão romantizada que cada um tem de si próprio e a construção do que considera ser a imagem que quer dar aos outros. Moderna, feminista, antifascista, conservadora, liberal, democrata, socialista. Há clubes para todos os gostos e feitios, todos baseados em percepções individuais.
Em comum, os adeptos destes clubes partidários têm a defesa intransigente de ideias feitas e que normalmente são vazias, de sentido ou direção. “Isso tudo que disseste está errado,” diz sempre alguém, sem se preocupar em justificar como, onde ou porquê. Normalmente é até malcriado e arrogante. Como se soubesse mais do que o outro ou a maioria e não quisesse perder tempo com burros. Não, o adepto do clubismo partidário só discute política profunda com os amigos no café ou no bar, depois de uns copos. Cospe superficialidades como se fossem diamantes escondidos numa sapiência superior.
Mas o clubismo partidário é previsível, aborrecido e na verdade o pior inimigo da democracia. A liberdade de expressão deveria existir para cada um dar a sua opinião e os debates para as opiniões evoluírem. Infelizmente, acontece o contrário disto. O circo montado por uma comunicação social cada vez mais decadente é o de um clube contra outro, como o formato dos “debates” para as atuais eleições: autênticos jogos de futebol, partido contra partido, onde quem berra mais alto e é mais desagradável e promete mais, ganha.
Portugal precisa crescer. Mais importante que os partidos são as pessoas e talvez seja a hora das pessoas entenderem que não têm de ser seguidoras: podem formar opiniões diferentes, evoluir, mudar, afinal crescer. Se democracia significa liberdade, as pessoas têm de entender o que é ser livre. Acredito firmemente que cada um tem um potencial infinito, mas na altura das eleições e no clubismo partidário, é que a grande maioria de nós revela como prefer ser pequenino e arrogante e triste.