(artigo publicado no site da Ordem dos Economistas)
Há um problema fundamental no Acelerar a Economia: utiliza muitas expressões como “reforçar” e “rever” e “reduzir” e “aumentar” e “alargar” e “apoiar.” Quando um político não se compromete com números, normalmente é duvidoso que cumpra. Além disso, transmite insegurança aos empresários e não estabelece uma linha de confiança capaz de gerar sinergias. A falta de confiança nas instituições tem gerado receio em investir e descrédito da economia portuguesa, por isso este tipo de soluções vagas são mais um entrave do que um caminho. É essencial estabelecer compromissos e metas concretas entre Governo e empresários – a atual conjuntura assim o exige, sob pena da economia continuar estagnada, a desperdiçar os seus recursos e alicerçada sob premissas com trinta anos de atraso.
Joaquim Miranda Sarmento é um académico reputado que conhece bem a economia portuguesa, por isso este documento sabe tanto a desilusão. O foco na inovação, na indústria e no empreendedorismo intelectual são fundamentais para mudar o paradigma de um sistema profundamente atrasado e que tem vindo a apostar todas as fichas num turismo castrador. É essencial deixar de sermos exportadores de mão-de-obra qualificada e importadores de trabalho não qualificado. É fulcral voltarmos a focar-nos no setor primário e nos recursos abundantes que temos vindo a desperdiçar, tanto na terra como no mar. É crucial que a saúde e a educação não sejam fontes de assimetria e injustiça social, portanto capazes de serem financeiramente sustentáveis com melhor qualidade do serviço. É indispensável que estejamos na linha da frente da transição energética. Nenhum destes temas tem uma ação musculada no atual documento, pelo contrário: dissipam-se numa série de linhas dispersas e temas nebulosos.
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