A grande maioria das pessoas que sobe o elevador social, não evolui no que é essencial: os valores. Porque nem os melhores colégios, nem todo o dinheiro do mundo pagam a educação sobre os princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma pessoa. Na minha carreira profissional, tenho visto e acompanhado gente com muito poder e algum dinheiro, mas que não sabe nada da vida. Utilizam o conhecimento que adquiriram nas escolas e universidades para manipular, enganar e tentar subir ainda mais no elevador social. Não sabem nada sobre o que são valores, apenas que aumenta o lucro se mostrarem preocupação sobre as responsabilidades sociais empresariais. Mesmo que possam ter formações excecionais e currículos sólidos, não sabem gerir, não sabem lecionar, não sabem nada de nada. Porque os valores são a bússola que comanda a vida e não há nada a fazer se sairmos do caminho sem orientação. É assim que funciona a bússola: se nos perdermos, mesmo longe de outras referências, é a única forma de voltarmos ao trajeto.
Evidentemente, o estado já se apercebeu deste problema mas não sabe defini-lo. Chama de “problema de civismo” ou outras palavras que definem mal a verdadeira questão. Apascenta as crianças e jovens com aulas de cidadania, que não são mais do que tentativas de subordinar os indivíduos a certas ideologias.
A única fonte de verdadeira formação essencial é a família. Não há nada para além disso. Para lá das vicissitudes conjunturais, as características pessoais de cada um e as facetas de personalidade, os valores despontam da dinâmica familiar e da respetiva resposta perante o crescimento de cada criança. Se a sociedade deixar de colocar este ónus na família e deixar para o estado, vai tudo continuar a correr mal.
Mas é evidente que a família é uma entidade própria, que nem sempre funciona. Aqui o estado tem a obrigação de intervir e recolocar o que a miséria humana destruiu. É apenas para isso que funciona o estado: corrigir os desequilíbrios. Não para os aumentar exponencialmente, que é o que sempre aconteceu nas sociedades em que o estado quer ser o centro. Porque os valores não são tangíveis e não se podem medir por escalas sociais, psicológicas ou económicas. Quando uma criança nasce, está sempre coberta de incerteza. E o poder ou o dinheiro ou sequer a genealogia, não são certeza de uma família capaz de passar valores sólidos aos filhos. Já vi muitos agregados antigos e abastados a falharem. E também assisti a muitas mais famílias pobres, quase sem nada, a passarem valores nobres e sólidos aos descendentes. E esta é a verdadeira riqueza. Este é o nosso principal objetivo neste planeta: passar o nosso conhecimento às novas gerações, segundo princípios que valorizam a pessoa humana.